LutO/LutA, de José de Quadros

Imagens são maneiras de interpretar o mundo. Os trabalhos de José Quadros constituem um diálogo permanente com a sociedade sob diversos aspectos. Existe, acima de tudo, uma temática social horizontalizada que se posiciona contra qualquer tipo de preconceito, seja ele étnico, social, racial ou de gênero.

Nessa perspectiva, qualquer assunto específico torna-se o menos importante perante a forma plástica de trazer à tona aspectos da contemporaneidade. Quadros lida com o seu fazer com a liberdade de uma criança, ou seja, como se sempre estivesse a conhecer a realidade pela primeira vez. Isso lhe permite construir e desconstruir o mundo da maneira que julga melhor.

O óbvio e o declaratório passam longe de suas obras. O seu diálogo é com a universalidade, ou seja, com aquilo que concretiza em visões que valorizam os arquétipos junguianos por uma óptica fundamentada por um fazer que se alimenta do pensar e vice-versa. A imagem fala mais alto simplesmente porque ela existe como concretude encantatória.

Esse fascínio está nas tonalidades mais baixas, nas formas misteriosas, nos seres humanos andrógenos e na percepção de que sugerir sempre é melhor do que enunciar.  Quando se entende a arte como o campo do ilimitado, materiais, técnicas e suportes passam a ser os instrumentos de um processo criativo que constitui um sutil e contundente soco no estômago.

Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.

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