O crítico literário Alfredo Bosi dizia que a arte, a partir do século XX, busca alcançar dois extremos: “o máximo de verdade interior e o máximo de pesquisa formal”. O trabalho de Giovana Hemb caminha nessa direção quando realiza constantes experimentações com os materiais de modo a oferecer as suas respostas criativas.
É por meio da prática, que nunca é uma repetição, mas um passo adicional, que existe um aperfeiçoamento dos resultados. Elementos do cotidiano, como gaze hidrófila, papel ou arame, são utilizados de maneira a gerar deslocamentos de seu uso original em direção a uma ritualização que não é mística, mas estética.
Isso significa evitar automatismos na procura de processos em que o aparentemente imperfeito é que seja perfeito ou vice-versa. Existe uma relativização de conceitos que estimula um fazer que pode ampliar interpretações em um processo de apresentação de sínteses visuais que demandam um lúdico e contínuo jogo de escolhas.
A pesquisa de materiais, seja no sentido do que será utilizado, como e sobre qual suporte conduz a um processo de apresentação de imagens que abre mão da representação figurativa rumo a uma liberdade abstrata que se fundamenta no processo de montagem que desperta múltiplos parâmetros de visualidade de interpretação.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador