Folhapress
O Ministério Público Federal anexou ao processo em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é acusado de ter recebido vantagens indevidas da OAS uma foto em que o petista aparece no sítio em Atibaia (SP) ao lado de Léo Pinheiro, sócio da empreiteira.
A foto consta em relatório da Polícia Federal do dia 23 de março, também anexado. No documento, o delegado Márcio Adriano Anselmo conclui que há elementos que apontam para “o pagamento de benfeitorias nos imóveis investigados” no valor de R$ 1,2 milhões pelas empreiteiras OAS, Odebrecht e por José Carlos Bumlai, amigo de Lula.
Lula também aparece em outra foto ao lado de Paulo Gordilho, ex-arquiteto da empreiteira. Tanto a foto com Gordilho como a com Pinheiro já estavam em outro relatório de junho do ano passado.
São citadas, como provas das reformas feitas no sítio, trocas de mensagens de Gordilho sobre as obras. O ex-funcionário também é réu no processo da Lava Jato e disse ao juiz Sergio Moro que chegou a ir a São Bernardo do Campo, onde o ex-presidente mora, para mostrar o projeto da cozinha do sítio ao ex-presidente e sua Mulher, Marisa Letícia.
Esses projetos, como a planta da cozinha e imagens do cômodo decorado, também foram anexados ao processo pelo Ministério Público Federal.
Gordilho ainda afirmou a Moro que o tríplex em Guarujá (SP) estava reservado para o ex-presidente. A defesa de Lula nega que o apartamento pertença a ele e diz que o ex-presidente não cometeu irregularidades.
À Polícia Federal, no ano passado, Lula afirmou que não sabia quem era Paulo Gordilho. No depoimento a Moro em 10 de maio, depois que as fotos no sítio foram juntadas ao relatório, ele se retificou: “Eu vi no depoimento dele [Pinheiro], ele dizendo que foi lá em casa e depois eu vi o dr. Paulo, que eu não sabia que era Paulo Gordilho, só sabia que era Paulo, que diz que foi lá em casa”.
Procurada para comentar o relatório, a defesa de Lula ainda não se manifestou.
Além de Lula e Gordilho, Léo Pinheiro também responde ao processo. Todos os réus e testemunhas foram ouvidos por Moro, na Justiça Federal de Curitiba, e aguardam sentença. A decisão sairá depois que que as partes apresentarem suas manifestações finais, que devem ser enviadas até 20 de junho.
AGENDAS NA PETROBRAS
No mesmo dia em que juntaram a foto de Lula no sítio de Atibaia, os procuradores da Lava Jato protocolaram documentos no processo sobre o apartamento tríplex de Guarujá (SP) que contradizem declarações de Lula no depoimento a Moro.
No interrogatório, Lula disse que desconhecia ilegalidades na estatal e afirmou que um presidente da República “não tem reunião específica com diretor” da Petrobras, mencionando duas exceções durante seu governo.
O Ministério Público Federal, porém, anexou no processo agendas que mostram ao menos 23 reuniões e viagens de Lula com diretores da estatal em seus dois mandatos, incluindo Paulo Roberto Costa, Renato Duque e Jorge Zelada -todos já condenados em processos da operação.